Sem título, por ora

Sem título, por ora
"Que minha solidão me sirva de companhia. Que eu tenha a coragem de me enfrentar. Que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo." (CL)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Retalhos da memória de uma solidão acompanhada

"Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já..."
(Pablo Neruda)


22 de março de 2007. Uma bela manhã de terça-feira de outono, inclusive, ensolarada mas não muito quente. Aula de português, lembro-me bem. Estava bastante inquieta, ouvindo músicas e mais músicas aleatoriamente, então, começo a observar a janela que havia na porta da minha sala e vejo algumas pessoas do HC passando em direção à frente do colégio. De início, achei um tanto diferente mas, como não foquei minha atenção nelas, logo meu pensamento viajou para outro assunto que não lembro bem.

Toca o sinal. E, costumeiramente, todas as meninas saíram das salas e foram para o pátio conversar enquanto esperavam agitadas o próximo horário. Eu e mais umas duas ou três colegas sentamos na mesa mais próxima a sala. Eu, escutando música e pensando no intervalo que se aproximava, e elas, conversando sobre qualquer assunto. Então, vejo, mais uma vez, um grupinho de pessoas do HC passando e, pela primeira vez, reparo nos rostos fechados de alguns deles.

De início, confesso, não dei muita atenção a esse novo grupinho que havia surgido de repente. Até que eles começaram a conversar com as meninas da sala ao lado da minha e essas começaram a ficar mais sérias e com um rosto mais apreensivo. Então, mais tomada pela curiosidade do que pelo interesse no porquê das meninas terem ficado assim, me aproximei de uma colega minha, que estava conversando com as pessoas do HC, e, super curiosa, pergunto:
- O que foi que aconteceu?
Parecendo surpresa com minha presença, ela responde:
- Faleceu um menino do HC hoje, pela manhã, Gaby - Com sutileza de quem quer esconder algo. Então, insisto no assunto.
- Sério? Quem foi?
Ela me diz uma informação a cada pergunta minha. Foi um menino do HC, do basquete, o nome era João Victor. Eu, com o coração na mão e, de fato, não querendo acreditar que era o meu João Victor, então, perguntei:
- Qual João Victor? - Perguntei. E, no mesmo momento, já estava a sentir o sabor salgado de lágrimas subindo pela minha garganta. E, em menos de 30 segundos, ouço a resposta com uma mão de minha colega em meu ombro:
- Quem faleceu foi Victinho, Gaby.
Não sei se naquele momento tive a impressão de que o dia tornou-se mais preto e branco, diferente do colorido do começo da manhã, se passei mais do que 30 segundos sem respirar com o coração parado, se havia sentido mais do que um pedaço de mim ser arrancado feroz e rapidamente, se senti o momento se congelar, como em um filme, ou se foi o misto de tudo isso.

Não consegui encontrar palavras para responder minha interlocutora e minha única resposta foi o silêncio. E, depois, as lágrimas que correram rápida e silenciosamente pelo meu rosto. Passei muito tempo para conte-las e, até hoje, não consegui esquecer essa cena ou esse dia. Em menos de 24h, havia perdido não só uma pessoa importante, para mim, como um grande amigo de pequenos e grandes momentos. E a coisa que mais me conforta, nos momentos em que a saudade aperta mais do que posso aguentar sem chorar, é que sei que, um dia, nos encontraremos.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

"Como funcionário público federal, devidamente concursado, de dois órgãos subordinados ao Ministério da Educação, tive oportunidade de participar da direção de um deles - o CEFET, atual Instituto Federal (IF) - quando, no governo FHC (do qual fez parte o Ministro Serra, hoje candidato), o MEC era dirigido pelo Sr. Paulo Renato. Esse ministro tratou à míngua as nossas instituições de educação mais importantes - o então CEFET e a UFRN.

Pela primeira vez na história, uma instituição centenária como a nossa teve o desprazer de ter telefones e energia elétrica cortados por falta de pagamento, mas não pagávamos porque no orçamento não havia verba suficiente para isso. Eu era gerente de uma área de ensino com 1200 alunos e mais de 100 professores, e não tinha recursos na minha gerência para comprar um cartucho de tinta para uma impressora, e muitas vezes tive de tirar dinheiro do próprio bolso para essa e outras necessidades, de forma a não deixar de atender aos alunos e a seus pais. Houve uma forte intenção de "quebrar" o CEFET para depois privatizá-lo. Graças a Deus e aos esforços dos que nele trabalham, isso não ocorreu.

Com o atual governo, ao contrário, não só tivemos mais facilidades de manutenção, como pudemos ainda expandir o Instituto para muitas cidades do interior - Apodi, Pau dos Ferros, João Câmara, Santa Cruz, Caicó, Ipanguaçu, Currais Novos, e agora Parnamirim, São Gonçalo e Nova Cruz, além de melhorar as nossas unidades já existentes em Natal e em Mossoró - e abrir mais duas escolas em Natal, uma na Zona Norte e outra na Av. Rio Branco. Muito dinheiro foi investido em construções, equipamentos e na contratação, por concurso, de dezenas de professores. Com isso, um número ainda maior de jovens (e de adultos também) passou a ser atendido pelo nosso IF. Por essas razões, gostaria de não ver essa escola a quem já dediquei 30 anos de minha vida profissional, escola que goza o respeito de todo o nosso RN, ficar refém mais uma vez da política de "terra arrasada" do Sr. Paulo Renato (que foi Secretário de Educação do governo José Serra em São Paulo e, ao que tudo indica, poderá voltar ao MEC em caso de vitória tucana e se não for ele será outro com igual pensamento). Sou, então, impelido a votar na continuidade da política educacional do atual governo federal embora a grande imprensa nacional faça a ele e à sua candidata uma campanha acirrada e desleal procurando desmoralizá-los impiedosamente (e nesse ponto os boatos na internet têm colaborado com as piores e impublicáveis baixarias. E, por isso, votarei novamente como fiz no primeiro turno em Dilma para presidente.

Respeitosa e democraticamente, acato a posição contrária de qualquer pessoa, porque cada um tem seus próprios motivos para escolher em quem votar. Mas faço esse esclarecimento porque acho que é preciso pensar no perigo que correm as nossas Instituições Educacionais (não só o IF, mas também a Universidade Federal, outra vítima dos anos de governo do PSDB) e todos os jovens que dela dependem. Resumindo com uma frase que não é minha, mas que eu gostaria de ter escrito: "Dilma não chega a ser a candidata dos meus sonhos, mas Serra é hoje o candidato dos meus maiores pesadelos."


(Professor Gilson Gomes de Medeiros)

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

"- É claro, uma apresentação.
Um começo.
Onde estão meus bons modos?"
A menina que Roubava Livros - Marcus Zuzac


Poderia apresentar-me de várias maneiras mas todas elas pareceram, para mim, infantis demais ou decepcionantes demais para os que um dia, quem sabe, venham a ler meu blog (o que, sinceramente, acho díficil demais).

Decidi retomar um blog depois que o antigo domínio do meu falecido blog foi extinto (o webbloger, do site terra). Admito que foi com uma pequena forcinha dos blog's de conhecidos que tenho visto, lido e apreciado ultimamente, então estou arriscando-me, de fato, a uma tentativa quase suícida de tentar equiparar-me a tais conhecidos.

Espero que apreciem ou, pelo menos, tentem apreciar alguma coisa pouca que eu postar de interessante ou de não muito desinteressante.